Bananal Online

Sem controle da tropa, governo teme nova paralisação da PM

PMs dentro do batalhão em Vitória: greve de policiais chega ao oitavo dia

Imagem relacionada
Foto: Reprodução
Em ano eleitoral, o governo Paulo Hartung parece estar tomando todas as medidas possíveis para evitar novos desgastes. Pelo menos, é o que sinaliza um documento obtido por Século Diário em que o próprio Estado representa a Associação de Cabos e Soldados (ACS) ao Ministério Público Estadual (MPES), pedindo controle sobre os atos da entidade civil. A medida foi tomada temendo uma nova paralisação da categoria.
No documento, o Estado solicita que o MPES averiguasse, previamente, os pontos de pauta de assembeia marcada para o dia 3 de fevereiro deste ano. Além disso, que exigisse gravação em áudio e vídeo de toda a reunião, e ainda cópias da ata e da lista dos presentes.
Para evitar o novo suposto movimento paredista, o serviço de inteligência da Polícia Militar foi utilizado para monitorar a Associação. Nas “investigações” contra os próprios colegas de farda, a inteligência da PM constatou que a assembleia da categoria foi considerada suspeita, uma vez que foi marcada para o dia 3 de fevereiro deste ano, exatamente um ano depois da greve de 21 dias dos PMs do ano passado. Mas, na verdade, a assembleia foi divulgada, com antecedência, em jornal de grande circulação e comunicada ao próprio comando da PM.
Nos ofícios, o coronel Douglas Caus, diretor de inteligência da PM, oficiou ao Comandante Nylton Rodrigues, em 26 de janeiro, informando que a Associação de Cabos e Soldados teria “intensificado suas postagens” (site e redes sociais) nos últimos 30 dias.
O oficial ressaltou que, entre as postagens, a associação discordara do posicionamento do comando da PM, que sustentou que o tráfico de drogas não teria domínio territorial em nenhum bairro do Estado. Incomodou ao setor de “inteligência” da PM a afirmação da ACS de que o Comando “insiste em viver em um mundo perfeito e seria fantoche do governo”.
A seguir, o coronel Caus informou que a associação teria convocado uma assembleia no dia 3 de fevereiro, aniversário do movimento grevista. Como a associação fez uma campanha de outdoors contra as condições de trabalho na Polícia Militar, conclui o coronel que o movimento teria como objetivo uma nova paralisação da PM. A partir dessas suposições, o coronel solicitou ao comandante providências, no sentido de que o MPES fosse contatado para exigir da associação o que seria debatido na assembleia e a identificação de quem conduziria os trabalhos, para que fosse gravada e realizada ata e lista de presença.
Com base nesse expediente, a promotora de justiça Karla Dias Sandoval Mattos Silva solicitou à associação, após a realização da assembleia, ata, lista de presença e gravação. Ocorre que não foi realizada gravação, e os documentos solicitados já estavam registrados no cartório.
O Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou que os PMs são uma categoria sem direito à greve, no entanto, os ministros ressaltaram que os governos devem manter uma mesa de negociação permanente com a categoria. No Estado, essa obrigação não tem sido cumprida. A assembleia do dia 3 de fevereiro definiu uma pauta de reivindicação, que foi protocolada no governo do Estado, sem resposta aos militares.
Informações Século Diário
Sair da versão mobile