Oito pessoas foram resgatadas com ferimentos. Bombeiros vasculham local para tentar localizar outras possíveis vítimas; parentes e moradores citaram desaparecidos.
Dois prédios desabaram na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira (12). Ao menos três pessoas morreram e oito ficaram feridas (veja a lista mais abaixo). Bombeiros vasculham os escombros para tentar localizar outras vítimas. De acordo com a Defesa Civil, há 13 desaparecidos.
Os imóveis tinham entre quatro e seis andares. A Prefeitura do Rio informou que as construções são irregulares e chegaram a ser interditadas duas vezes (em novembro de 2018 e em fevereiro deste ano).
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Vista aérea dos escombros dos prédios que desabaram na Muzema, Zona Oeste do Rio de Janeiro — Foto: AP Photo/Renato Spyrro
Resumo
- Dois prédios desabaram em área perto de mata em Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio; as causas ainda são investigadas
- 3 mortos: dois homens e uma criança
- 8 pessoas feridas
- 13 desaparecidos, segundo o coronel Geises, subcomandante-geral da Defesa Civil
- A Prefeitura do Rio informou que os prédios são construções são irregulares e chegaram a ser interditados duas vezes nos últimos meses
- Três imóveis na área oferecem riscos e serão demolidos, segundo a prefeitura
- A comunidade da Muzema é controlada por milicianos
- A região foi muito afetada pelo temporal do início desta semana
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Equipes de resgate trabalham na área onde prédios desabaram no Rio — Foto: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Resgates emocionantes
Das oito pessoas resgatadas com vida, ao menos duas foram levadas de helicóptero ao hospital. Como a região é de difícil acesso, os bombeiros tiveram de fazer uma operação especial para tirar as vítimas sem pousar em nenhum lugar (veja no vídeo abaixo).
O helicóptero ficou pouco mais de um minuto acima de um prédio, mas sem encostar na laje, que não suportaria o peso. Rapidamente, o ferido foi colocado dentro da aeronave.

Equipe se emociona com resgate de sobrevivente na Muzema
As vítimas foram levadas aos hospitais municipais Lourenço Couto e Miguel Couto e para o hospital particular Unimed-Rio. Entre os resgatados dos escombros, está uma família que se mudou há uma semana para o local: um casal e uma filha de 10 anos.
Mortos (nome e idade estão sendo atualizados):
- Cláudio Rodrigues, de 40 anos
- Homem ainda não identificado
- Criança ainda não identificada
Feridos:
- Adilma Rodrigues, de 35 anos, teve ferimento na barriga, passou por cirurgia e está em estado grave.
- Clara Rodrigues, de 10 anos, teve fratura na perna e machucado na cabeça; levada a um hospital particular, teve alta.
- Raimundo Nonato Ferreira Gomes, de 41 anos, teve escoriações na cabeça e queixo.
- Luciano Paulo dos Santos, de 38 anos, teve escoriações múltiplas.
- Evaldo Vieira Silva, de 46 anos, está internado, mas o estado de saúde não foi informado.
- Carolina Ferreira Andrade, de 34 anos, foi levada para o Miguel Couto.
- Paloma Paes Leme Barroso, com idade ainda não confirada.
- Rafael Paes Leme do Nascimento, de 4 anos, filho de Paloma.
Uma menina de 4 anos que morava no terceiro andar de um dos prédios saiu do local apenas com ferimentos leves. Os pais e os irmãos dela continuam desaparecidos.
“Tentamos acalmar, ela chegou aqui tremendo, em estado de choque, muito abalada. Ela só falou que alguma coisa desceu e ela escorregou na terra”, disse uma vizinha que acolheu a criança.

Menina de 4 anos sobrevivente do desabamento está com vizinha e sem notícias da família

Três das dez vítimas do desabamento dos prédios no Rio estão no Hospital Lourenço Jorge
Situação dos prédios
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Muzema, local onde os dois prédios desabaram, fica na Zona Oeste da cidade — Foto: Wagbner Magalhães/Arte G1
O desabamento aconteceu por volta das 7h desta sexta. Não chovia no momento, mas a região sofreu com os temporais desta semana. As avenidas de acesso ainda estão alagadas.
A área onde ocorreu o acidente foi isolada, e os bombeiros disseram que outros prédios da região podem ir abaixo. No início da manhã, havia um forte cheiro de gás nas imediações.
Segundo o repórter Genilson Araújo, há cerca de 60 prédios em construção na região, que é dominada por milícias.
Reportagem do RJ2 mostrou que criminosos atuam na construção e venda de imóveis irregulares.

Entenda onde fica a comunidade em que prédios desabaram na Zona Oeste do Rio
A Prefeitura do Rio mandou interditar, por duas vezes, os dois edifícios – em novembro de 2018, pela Secretaria Municipal de Urbanismo, e em fevereiro deste ano, pela Defesa Civil Municipal. Mesmo assim, segundo fontes da TV Globo, apartamentos continuaram a ser vendidos.
Moradores dos prédios que desabaram disseram que eles foram inaugurados há seis meses.
Inicialmente, o prefeito Marcelo Crivella informou que uma liminar judicial impediu a demolição dos imóveis. “Essas edificações estavam em loteamento irregular. A Prefeitura do Rio já havia comunicado ao Ministério público e tentado interditar, mas infelizmente, uma liminar judicial impediu a demolição desses prédios e as obras continuaram”, postou Crivella em uma rede social.
Mais tarde, em nota, a prefeitura disse que a demolição afetaria outros quatro imóveis no condomínio, mas não os dois que desabaram. “Os dois prédios que caíram estão na 3ª fase”, informa o comunicado, citando a fase de “interdição”.
O prefeito Marcelo Crivella, que foi para o local do acidente, afirmou: “Estamos aqui com a nossa equipe trabalhando para tentar resgatar as pessoas dos escombros. Fica para todos nós uma lição: quando a Prefeitura alertar sobre esses riscos, vamos dar ouvidos para que isso não aconteça nunca mais”.
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Desabamento atinge dois prédios na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo
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Moradores retiraram homem dos escombros apoiado em uma porta, que foi usada como maca — Foto: Reprodução/ TV Globo
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Homem é abraçado pela neta após ser resgatado em área onde prédios desabaram no RJ — Foto: Raísa Pires/G1
Relatos de moradores e vizinhos
Uma mulher, que se identificou como Érica, contou que tentava encontrar a mãe nos escombros. O padrasto conseguiu sair prédio.
“Meu padrasto está vindo pra cá, mas a minha mãe está gritando ali. Os moradores que estão ajudando foram até ali e ouviram uma senhora gritar exatamente no quarto dela”, disse a moradora.
De acordo com ela, os moradores estavam preocupados com as consequências da chuva e o andamento das construções.
“Eles construindo sem fim, sem parar. Uma construção atrás da outra, uma loucura. Era retroescavadeira, explosões constantes. Só querem construir e vender”, afirmou ela.

Moradora relata ouvir gritos nos escombros do desabamento na Muzema
Edvaldo, morador do primeiro andar do prédio, disse que teve que correr para conseguir escapar. Ele tem escoriações na perna.
“Eu estava no quarto, aí corri para a sala. Quando eu cheguei lá, desmoronou tudo em cima de mim. Foi muito rápido. Passou um pó branco, muita poeira”, destacou Edvaldo.
Outro morador, chamado Ronaldo, contou que as construções são novas. “De repente foi um estrondo, foi tudo de uma vez. Do nada começou a desmoronar”, explicou.

‘Foi tudo muito rápido’, conta morador de um dos prédios que desabou na Muzema
Chuvas
A Muzema foi uma das áreas mais atingidas pelo temporal que caiu no Rio. A cidade está em estágio de crise desde segunda-feira (8). O desabamento aconteceu em uma das áreas mais elevadas da comunidade, perto da mata.
Na manhã de quinta-feira (11), a principal avenida de ligação do bairro, que também dá acesso ao Rio das Pedras, continuava alagada e interditada.

‘Foi um estrondo’, diz morador sobre desabamento de prédios na Muzema, no Rio
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Bombeiros e moradores trabalham juntos no resgate de vítimas de prédios que desabaram na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo
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Moradores fazem buscas em escombros de prédio na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo
Fonte: G1