O cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, Luiz Paulo Dominghetti, que acusou o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de cobrar propina de 1 dólar (R$ 5,06) para concretizar uma compra de vacinas contra a Covid-19, negociava uma comissão de 25 centavos de dólar (R$ 1,26) por dose de imunizante, de acordo com mensagens acessadas no celular dele.
As informações foram reveladas pelo Fantástico, da TV Globo, na noite de domingo (4), e foram obtidas a partir do celular de Dominghetti, apreendido durante seu depoimento à CPI da Pandemia na última quinta-feira (1°). A reportagem destacou que o celular ainda está sob perícia, mas que 900 caixas de diálogos em aplicativos de mensagens já passaram por uma análise preliminar.
Segundo o Fantástico, Dominghetti enviou, no último dia 10 de fevereiro, uma mensagem a um contato identificado como Guilherme Filho Odilon na qual dizia: “Estamos negociando algumas vacinas em número superior a 3 milhões de doses. Neste caso a comissão fica em 25 centavos de dólar por dose”. À CPI, Dominghetti havia falado em 20 centavos de dólar.
– [O] que estamos fazendo é pegar o volume da comissão e dividir de forma igual a todos os envolvidos, claro que proporcionalmente aos grupos. Sendo três pessoas, eu, você e seu parceiro, não teria objeções em avançar neste sentido – completou.
Na sequência, Odilon pergunta: “Caso quem assina venha a pedir alguma coisa, podemos ver entre nós três para viabilizar?”. Dominghetti então responde: “Ajustamos”.
Em 18 de fevereiro, Dominghetti teria voltado a escrever a Odilon o seguinte texto: “Vacina AstraZeneca, valor 3,97 us (dose). Capacidade de entrega imediata [de] 100 milhões de doses. Venda direta [da] AstraZeneca”.
Odilon teria então dito que ainda aguardava documentação “do grupo”. Segundo os investigadores citados pelo Fantástico, a análise preliminar das mensagens no celular de Dominghetti revelam que ele também negociava outros imunizantes além do da AstraZeneca.
A Davati Medical, que Dominguetti diz representar, foi formada em 2020 e tem apenas três funcionários. E, em nota, a AstraZeneca afirmou não ter intermediários no Brasil. Ainda não se sabe quem é Odilon, que chegou a ser citado por Dominghetti à CPI.
Fonte: Pleno News