A polícia foi criada no Brasil com a chegada da Família Real, em 1808, e sua atribuição se resumia a desenvolver um trabalho de repressão criminal contra determinados seguimentos da sociedade – escravos, pretos livres e “vadios” – que violavam as regras de comportamento estabelecidas pela elite política que criou a polícia e dirigia a sua ação. A polícia, na grande parte da sua história, prestou serviços às classes dominantes economicamente, a governos e a regimes políticos. Entretanto, nos tempos atuais, o Brasil vem se consolidando como um Estado Democrático de Direito, onde não cabe espaço para clientelismo (uso da força pública em proveito privado), nem políticas ocasionais, ou seja, as ações policiais tendem a beneficiar toda a população, sem qualquer tipo de discriminação.
“O cidadão espera do policial que ele tenha sabedoria de Salomão, a coragem de Davi, a força de Sansão, a paciência de Jó e a autoridade de Moisés, a bondade de um bom samaritano, o saber estratégico de Alexandre, a fé de Daniel, a diplomacia de Licon e a tolerância do carpinteiro de Nazaré e, enfim, um conhecimento profundo das ciências naturais, biológicas e sociais. Se ele tiver tudo isso, pode ser que seja um bom policial”.
Mais um ano de finda, milhões de brasileiros ainda em clima de festa. Todas as capitais brasileiras estarão em festá até o carnaval. Avenida Paulista reúne milhões; a praia de Copacabana milhões de pessoas; o Farol da Barra, em Salvador, quase um milhão de pessoas, as demais capitais e interiores, também se reúnem. Vale lembrar que, estas festas só acontecem porque milhares de Pais e Mães afastam-se do seio familiar em pleno Reveillon, colocando suas fardas, para garantir a segurança e tranqüilidade de milhões de cidadãos e famílias brasileiras. Quantas pessoas lembraram de desejar Feliz Ano Novo ao policial que estava próximo para garantir a Paz e o divertimento delas, ou pelo menos um muito obrigado?
A profissão policial é a que mais afeta a qualidade de vida das pessoas, porém os policiais não são reconhecidos pela grandeza das suas ações porque eles contrariam e limitam vontades alheias, como prender as pessoas que dirigem após consumir bebidas alcoólicas, apreender o carro que está com o documento vencido, revistar pessoas para prevenir delitos (ninguém gosta de ser revistado, pois mais educada que seja a abordagem), não deixar que os torcedores desrespeitem a fila na compra de ingressos para a partida de futebol, entre outros exemplos. Por mais que seja compreensível a ação policial, as pessoas, que têm contato direto com a polícia no exercício da atividade preventiva, esquecem que os policiais estão cumprindo com o dever de manter a ordem pública. Elas nutrem sentimentos de aversão à polícia e condenam as ações policiais, ainda que estas sejam para o bem da sociedade.
Ainda não vemos tramitando no Congresso Nacional um projeto que visa melhorar o salário dos policias. O valor do salário é uma retribuição aos serviços prestados, e o seu aumento é uma forma de reconhecer o valor do profissional. Entretanto, no Brasil, o salário do policial não corresponde, nem de longe, a percepção de merecimento da atividade policial. O policial além de manter a ordem pública e preservar a segurança das pessoas e do patrimônio, constantemente, no seu dia a dia, exerce as seguintes funções: parteiro, quando faz o parto da grávida que não chega a tempo na maternidade; assistente social, quando informar ao familiar da vítima o óbito, ou outras funções relatadas por um ex-policial que trago ao texto: “borracheiro e mecânico, quando socorre idosos e deficientes com pneus furados; pedreiro, ao participar de mutirões para reconstruir casas destruídas por enchentes; paramédico fracassado, AO VER UM COLEGA IR A ÓBITO A BORDO DA VIATURA; juiz da vara cível, apaziguando ânimos de maridos e mulheres exaltados, que após a raiva uniam-se novamente e voltavam-se contra a POLÍCIA; juiz de pequenas causas, quando, NA FOLGA, alguns vizinhos procuram para resolver SEUS problemas; guardião de mortos por horas a fio, sob o sol, a chuva e a neblina, à espera do RABECÃO”; dentre outras funções, como advogado e psicólogo.
A existência do trabalho policial influencia na vida de cada cidadão brasileiro. Quem ousaria sair de sua casa sabendo que a polícia não está trabalhando? O reconhecimento e o salário têm que ser proporcional à importância da profissão. A profissão policial exige o “IMPOSTO DO SANGUE”, pois o policial tem obrigação de arriscar a sua vida, muitas vezes perdendo-a, para preservar a vida do cidadão. Quanto mais motivado estiver o policial, melhor será o serviço prestado à sociedade brasileira; por isso, a valorização policial não é um dever só dos estados, mas de todos os cidadãos brasileiros. Faça a sua parte!
Capitão Marinho