Surpresa foi a palavra que a maioria dos vereadores da Câmara de Vila Velha utilizou ao tomar conhecimento da notícia de que o parlamentar Osvaldo Maturano (PRB) é investigado sob suspeita de “rachid”, ou seja, ficar com parte do salário dos assessores, na Operação Endosso. Nome que faz referência a “endosso bancário” – modalidade de transferência do direito de recepção do valor de um título de crédito -, a operação investiga possível “rachid” envolvendo o parlamentar e mais três servidores de seu gabinete.
Colegas de Câmara de Maturano afirmam saber apenas o que foi divulgado pela imprensa, que noticiou, na sexta-feira (19), o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos celulares e extratos bancários do vereador e de mais três assessores que atuam em seu gabinete.
“Fiquei surpreso, porque nunca imaginei que algo assim poderia acontecer. A verdade é que isso já vinha ocorrendo em outros municípios como Viana e Serra, mas, em Vila Velha, ainda não se tinha notícia”, relatou João Artém (PSB).
O sentimento é compartilhado por outros parlamentares, que demonstraram ainda pouco conhecimento sobre o processo. “Eu não tenho acesso a nada e nem tive a oportunidade de conversar com ele (Maturano). O que sei até agora foi o que saiu nos jornais”, contou Mirim Montebeller (Podemos).
Patricia Crizanto (PMB) avalia que as investigações não desgastam a imagem da Câmara de Vila Velha. “Os vereadores têm feito um bom trabalho em política pública. Não acho que esse fato arranhe a imagem.”
Bruno Lorenzutti (Podemos) disse que, ainda que exista algum prejuízo para a imagem da Casa, o efeito não é duradouro. “O desgaste sempre ocorre, porém todos os poderes democráticos no País estão muito sólidos”.
Sobre as investigações, a maioria dos parlamentares preferiu não opinar até que todo o processo esteja concluído. Dos vereadores entrevistados, Mirim Montebeller e Lorenzutti fizeram questão de prestar apoio a Maturano.
“Para mim, ele é inocente até que se prove o contrário”, disse Montebeller.
Procurados pela reportagem, o advogado de defesa José Amazias Correia e o vereador Maturano não se pronunciaram, alegando que o processo corre em segredo de Justiça.