Peritos afirmam que cresce a ocorrência de casos em festas na Grande Vitória e alertam para o perigo durante o Carnaval
Nos últimos anos, um golpe antigo não parou de crescer, explodiu em festas na Grande Vitória e a polícia faz um alerta neste Carnaval. É o conhecido “Boa Noite, Cinderela”.Todo mês, são registrados cerca de 50 casos, em que homens ou mulheres são drogados por vigaristas, para fins sexuais ou furtos, segundo peritos do Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, que descobriram um método mais rápido para descobrir a substância usada.
Segundo a polícia, nas situações mais comuns, a vítima está numa festa, aceita uma bebida de um estranho ou perde o copo de vista e os bandidos incluem substâncias sem que ela veja.
De repente, fica tudo escuro, ela acorda em um lugar diferente, pensa em ligar para alguém, mas não tem sequer a carteira e a memória do que ocorreu.
O perito oficial criminal do DML, Fabricio Pelição, explica que a vítima fica indefesa.
“São 50 casos por mês de pessoas que foram abusadas ou furtadas e não se lembram de como tudo aconteceu. Essas pessoas sofrem de amnésia, e como algumas dessas drogas são hipnóticas, às vezes acabam até passando informações, levam o golpista até o carro, indicam o caminho de casa. Eles usam a droga para que a pessoa fique indefesa”.
Para a polícia, um dos trabalhos mais complexos era identificar as substâncias e a concentração usada pelos golpistas. Mas Pelição descobriu um método para agilizar a identificação dessas drogas no corpo das vítimas.
A iniciativa chegou à Flórida, nos Estados Unidos, e foi apresentada em janeiro no V Encontro Conjunto Anual da Sociedade de Toxicologistas Forenses e da Associação Internacional.
O método, que antes demorava mais de um dia, agora pode ser feito entre duas e três horas. “Conseguimos desenvolver no laboratório um método para identificar até 49 substâncias, de uma única vez, por meio de exames de sangue ou urina. O procedimento inclui adição de poucos reagentes e economia de tempo. É diferente dos outros métodos, que analisava grupo por grupo de substâncias, com mais de um equipamento, e mesmo assim não identificavam todas”, destacou.
“A vítima não pode demorar a acionar a polícia”, alerta o perito.
“Medida de prevenção é cautela”
Se o golpe do “Boa Noite, Cinderela” já acontece com frequência em outras épocas do ano, no Carnaval é preciso ainda mais cuidado, alertou o comandante de Polícia Ostensiva Metropolitana (CPOM), coronel Alexandre Ramalho.
“A abordagem passa por um cortejo, aproximação, e muitas vezes é inserida a substância numa bebida. Nessa época de folia, exige ainda mais atenção. Digo que a principal medida de prevenção é ter cautela. O maior cuidado com quem iremos nos relacionar nesse Carnaval”, disse o coronel.
Ele destacou que muitas vezes, as pessoas acreditam que podem encontrar um amor, e se arriscam em um primeiro contato, sem saber quem realmente são aquelas pessoas.
Para o comandante, é difícil para a polícia agir de forma preventiva contra esses criminosos, mas o quanto antes receber denúncias, isso pode facilitar a prisão desses indivíduos.
“Se alguém souber de pessoas que estejam aplicando o golpe, ou identifique a vítima, que acione a Polícia Militar para deter o indivíduo imediatamente”.
Disse ainda que: “Essas vítimas podem ser levadas, num pós Carnaval, para ambientes fechados como casas ou quartos de hotel. Por isso, guardar e integridade e segurança nesse sentido é muito difícil. Vai depender das garantias que o próprio folião vai adotar para sua segurança, como estar ao lado de pessoas de sua confiança”, finalizou.
Como funciona e os cuidados
O que é o “Boa noite, Cinderela”?
Vigaristas usam substâncias para deixar a vítima vulnerável para a prática de furtos e até abusos sexuais.
Como é aplicado?
- A armadilha é aplicada tanto em homens quanto em mulheres. As vítimas costumam ser abordadas durante festas, em locais com grandes aglomerações de pessoas.
- No primeiro descuido das vítimas, os golpistas colocam substâncias nas bebidas, sem que elas percebam.
Efeito
Misturadas às bebidas alcoólicas, elas atingem o sistema nervoso central das vítimas, por isso causando sonolência.
No começo dos efeitos, a vítima, por estar atordoada, cai em sono profundo, que pode durar 24 horas. Além de sofrer um “apagão”.
Dicas da polícia para a folia
- Evitar permanecer em locais de grandes aglomerados sozinho.
- Procure estar próximo de pessoas de confiança.
- Jamais aceite bebida alcoólica, suco de frutas ou até mesmo água de estranhos.
- Mantenha o copo sempre em seu raio de visão. Quando estiver em pé, segure-o com uma das mãos no bocal, evitando, assim, que alguém insira substância entorpecente. Nunca deixe o copo sozinho.
- Não confiar plenamente na pessoa numa primeira noite de Carnaval.
- Com a ajuda da tecnologia, a polícia orienta que as busquem mais dados sobre as pessoas que estão conhecendo, por meio de troca de telefones, redes sociais. O objetivo é ter o maior número de informações possível.
- Em hipótese alguma aceite ou ofereça carona a estranhos.
- Caso saiba de alguém que esteja praticando o crime ou que seja a vítima, o folião deve acionar a polícia imediatamente pelo 181.
