Aproximadamente 50 milhões de pessoas sobreviveram com sequelas por conta de acidentes no trânsito. Além disso, os acidentes são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos; o segundo na faixa de 5 a 14 anos; e o terceiro, na faixa de 30 a 44 anos.
A segurança no trânsito é um desafio para todo o mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os acidentes de trânsito causam a morte de mais de 1,35 milhão de pessoas em todo o mundo. Aqui no Espírito Santo o número de vítimas fatais é alto e mesmo com as medidas de restrição para conter a covid-19 chegou a 393 óbitos nos primeiros sete meses de 2020. Houve uma redução de 17,3% se comparado com o mesmo período de 2019. Mas ainda assim, os dados preocupam autoridades e organizações.
O assunto será debatido na primeira edição do Fórum Digital de Segurança no Trânsito, que será realizado nesta terça (15) e quarta-feira (16). O evento é promovido pela Federação das Empresas de Trasportes do Estado (Fetransportes). Totalmente digital, o fórum vai reunir especialistas, autoridades e representantes de empresas engajadas no tema.
Entre os palestrantes está o secretário Nacional de Transporte Terrestre, Marcello da Costa Vieira. Ele afirma que há muitos desafios a serem enfrentados quando o assunto é trânsito, e aponta que é importante repensar conceitos e soluções que foram implantadas na última década e que não apresentaram os resultados esperados. “Como exemplo posso citar: o foco na punição dos infratores ao invés de se investir em prevenção e educação e acreditar que a educação para o trânsito se limita a educação dos condutores por ocasião do processo de obtenção da habilitação para conduzir veículos automotores”.
Para o secretário, manter um trânsito seguro é pensar em ações de prevenção, como a utilização maciça de dispositivos de controle de velocidade, muitas vezes ocultos propositalmente e, ainda em locais onde os acidentes são causados por problemas de geometria da via.
“Acontece que a redução de acidentes da última década não atingiu os objetivos estabelecidos na década da segurança viária. Isso nos leva a crer que há necessidade de intensificar ações preventivas, que evitem a ocorrência de acidentes e reduza sua gravidade, mesmo quando ocorre um erro humano, uma falha mecânica ou ainda uma negligência do motorista, motociclista, ciclista ou pedestre.”
Outro ponto que precisa ser discutido mais, segundo o secretário Nacional de Transporte Terrestre é a formação do condutor. Na opinião dele, é utópico imaginar que o melhor momento pra se ensinar um futuro condutor se resume a alguns meses (normalmente 3 meses) quando o jovem completa 18 anos, já que nessa fase da vida é marcada por escolhas pessoais, profissionais e incertezas.
“Precisamos educar o cidadão e não somente o motorista! E essa educação deve ser continuada, ao longo do ensino básico e fundamental e de forma transversal. O ensino da segurança no trânsito deve então seguir o mesmo modelo adotado para as outras disciplinas”
Perceptiva do trânsito pós-pandemia
O Ministério da Infraestrutura (MINFRA) e o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) aproveitaram o momento da pandemia para amadurecer projetos e propor modificações, como nas regras de utilização de dispositivos de controle de velocidade. E na área da educação, vão investir em uma parceria com o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), para viabilizar um programa de livros didáticos para a formação do cidadão em segurança do trânsito nas escolas de ensino básico e fundamental – o programa EDUCA. “
A busca pela redução na quantidade e gravidade de acidentes, segundo o secretário Nacional de Transportes Terrestre, é um dos focos do Ministério de Infraestrutura. “Adotamos no MINFRA a segurança viária como um dos objetivos estratégicos mais importantes de nossa gestão. Introduzimos a classificação Programa Internacional de Avaliação de Vias Rodoviárias (iRAP) nas novas concessões, proporcionando que nossas rodovias sejam classificadas da mesma forma que as melhores rodovias dos países desenvolvidos. O objetivo foi o de priorizar os investimentos que aumentem a segurança de cada trecho homogêneo da rodovia concedida sob a visão do motorista, do pedestre, do ciclista e do motociclista.”
Inovação deixa o trânsito mais seguro
A inovação também é uma importante aliada para aumentar a segurança no trânsito. No Brasil, os novos projetos de engenharia foram desenvolvidos com o conceito das rodovias que perdoam, onde mesmo falhas mecânicas ou humanas não necessariamente resultam em acidentes graves. “Para isso, estabelecemos prazos para a utilização de dispositivos de segurança veicular e priorizaremos investimentos em correções de pontos críticos e retirada de obstáculos fixos na faixa de domínio das rodovias. Na modelagem das novas concessões serão incluídas câmeras OCR, iluminação em Led e sinal Wifi para aumentar a segurança nas vias.”
Atualmente, os acidentes representam um custo de US$ 518 bilhões por ano, um percentual entre 1% e 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país, de acordo com informações do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran|ES).
O Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, precedido por Índia, China, EUA e Rússia e seguido por Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito. Juntas, essas dez nações são responsáveis por 62% das mortes por acidente no trânsito.
O Espírito Santo conseguiu reduzir em 43% o número de mortes no trânsito em 2011, quando teve início a Década de Ações para Segurança no Trânsito instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), até 2018. A queda representa 415 vidas salvas no período, se comparadas as 1.159 mil mortes em 2011 com as 744 no ano passado, de acordo com dados do relatório do Movimento Capixaba para Salvar Vidas no Trânsito (Movitran).
A chave para a redução da mortalidade, segundo o relatório, é garantir que os estados-membros adotem leis que cubram os cinco principais fatores de risco: dirigir sob o efeito de álcool, o excesso de velocidade, não uso do capacete, do cindo de segurança e das cadeirinhas.
O diretor-geral do Detran-ES, Givaldo Vieira, que também participa do Fórum Digital de Segurança no Trânsito, ressalta que reduzir acidentes de trânsito é uma preocupação constante, e para isso é importante transformar a sociedade em um povo mais fraterno e educado quando o assunto é trânsito.
“A preocupação não deve ser só com a multa, mas sim com a segurança de todos os que estão no veículo, que é o mais importante. Dessa forma, ter atenção é essencial e o condutor nunca deve utilizar o celular enquanto estiver ao volante nem ingerir bebida alcoólica para não colocar em risco a sua própria vida e a de todos os que transitam nas vias por onde ele está passando”, reforça Givaldo.
Orientações aos motoristas
– O condutor do veículo deve sempre obedecer às regras de trânsito, como a sinalização, os limites de velocidade e só ultrapassar em locais permitidos e quando houver condições adequadas.
– É obrigatório utilizar os equipamentos de segurança, como cinto de segurança e capacete (no caso dos motociclistas), praticar a direção defensiva e respeitar os outros veículos e pedestres.
– Caso vá transportar crianças, os responsáveis devem ter atenção especial. As crianças de até sete anos e meio só podem ser transportadas em cadeiras adequadas a cada faixa etária.
– Os adultos devem ser exemplo, usando cinto de segurança em qualquer assento do veículo, seja ele de motorista ou passageiro, inclusive, nos bancos de trás.
O Fórum Digital de Segurança no Trânsito é gratuito e todo mundo participar, basta fazer a inscrição. O Evento é virtual e será realizado nesta terça-feira (15), a partir das 8h30 e na quara-feira (16), a partir das 12h, com transmissão no Youtube.
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Entre os palestrantes confirmados estão o secretário Nacional de Transporte Terrestre, Dr. Marcello da Costa Vieira, o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho do Espírito Santo, Dr. Valério Heringer, o presidente do Grupo Águia Branca, Renan Chieppe, e Givaldo Vieira, diretor geral do Detran-ES.
Programação
Fonte: Folha Vitória