A maior parte do território da Venezuela ficou às escuras na noite de quinta-feira por causa de um mega-apagão. A falta de energia ainda causa transtornos nesta sexta-feira.
Jornais do país afirmam que a queda de energia afetou mais da metade do país, e usuários de redes sociais falam em queda de luz em pelo menos 21 dos 23 Estados do país.
A Corpoelec, a companhia elétrica estatal, afirmou em sua conta no Twitter que o apagão foi resultado de “sabotagem” na central hidroelétrica de Guri, a leste do país.
“Fomos alvo novamente de uma guerra elétrica”, disse o ministro da Energia, Luis Motta Domínguez.
O ministro de Comunicação, Jorge Rodríguez, disse que o abastecimento havia sido recuperado no Leste do país e que ele seguia trabalhando para reestabelecer a luz nos outros Estados e na capital venezuelana.
Caos em Caracas
Caracas continua hoje como uma cidade no limbo, depois de passar mais de 13 horas sem eletricidade, segundo Will Grant, enviado da BBC a Caracas.
Aulas foram suspensas, diversas pessoas foram dispensadas do trabalho e a grande parte das ruas está vazia. Os hospitais tentando manter a oferta de serviços com a energia limitada a que têm acesso.
A situação é parecida em mais da metade dos Estados da Venezuela, país que enfrenta escassez de alimentos e preços extremamente altos para muita gente. Alimentos guardados em congeladores desligados estão começando a apodrecer.
A Venezuela já sofreu apagões antes, e com frequência. Mas poucos duraram tanto ou foram tão extensos como este. O presidente Nicolás Maduro e o autodeclarado presidente Juan Guaidó se culpam mutuamente pela situação. Enquanto isso, a situação de confusão sobre o apagão se soma ao estresse sofrido pelas pessoas por causa da crise atual na Venezuela.
O apagão fez com que os voos tivessem que ser desviados do aeroporto principal de Caracas e que o transporte terrestre fosse interrompido parcialmente.
Will Grant descreve a situação em Caracas pós-apagão como “caótica”.
Ele afirma que o corte de energia afetou o metrô no meio do expediente e fez com que muitos trabalhadores tivessem que caminhar vários quilômetros no retorno para casa.
Problema frequente
Não é a primeira vez que a Venezuela sofre cortes de energia.
Nos últimos anos, milhões de venezuelanos tiveram que se acostumar a viver entre apagões e racionamento de eletricidade, mais ou menos frequentes dependendo da demanda e da época do ano.
Em 2016, o problema alcançou um nível tão crítico que o governo declarou emergência nacional durante 60 dias.
Em uma tentativa de deter os cortes crônicos de energia, o governo organizou um racionamento, com apagões controlados por algumas horas.
Especialistas no tema atribuem o problema ao déficit na geração de energia e à falta de manutenção.
Mas no caso de quedas inesperadas, como a atual, as autoridades culpam forças externas.
O governo diz que a causa dos cortes de eletricidade são supostas sabotagens.
“Sabotaram a geração em Guri… É parte de uma guerra elétrica contra o Estado. Não permitiremos! Estamos trabalhando para recuperar o serviço”, disse a Corpoelec em um tuíte.
Fonte: BBC