O dólar opera em forte queda nesta sexta-feira (8), chegando a cair para R$ 3,750, após fechar em alta de mais de 2% na quinta-feira, quando atingiu o maior nível desde março de 2016
O dólar opera em forte queda nesta sexta-feira (8), chegando a cair para R$ 3,750, após fechar em alta de mais de 2% na quinta-feira, quando atingiu o maior nível desde março de 2016. O recuo vem após anúncio na quinta-feira do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, de que serão utilizados todos os instrumentos “necessários” para conter a pressão sobre o câmbio.
Por volta das 12h20, a moeda norte-americana caía 4%, vendida a R$ 3,7665. Na mínima até o momento, a moeda foi a R$ 3,7525. Já o dólar turismo era vendido ao redor de R$ 3,93.Veja mais cotações.
Na noite passada, o BC informou que serão ofertados US$ 20 bilhões de dólares adicionais em swaps cambiais tradicionais – equivalentes à venda futura de dólares – até o fim da próxima semana. E acrescentou que, se necessário, o BC poderá fazer leilões de linha, venda de dólares com compromisso de recompra, ou até mesmo vender dólares das reservas no mercado à vista.
“O BC demorou a vir a público, deixando o mercado num ponto de tensão tão violenta que chegou muito perto de 4 reais… Mas foi só aparecer, dizer que estava a atento, já deu uma tranquilizada”, disse à Reuters o diretor da mesa de câmbio da corretora MultiMoney, Durval Correa.
Entenda como funciona a intervenção no câmbio
Tesouro direto suspende negociações pelo 2º dia
Por conta da volatilidade, o Tesouro suspendeu a negociação de títulos públicos pelo segundo dia seguido. Na véspera, a interrupção durou todo o dia e a previsão era de que as vendas fossem normalizadas nesta manhã, o que não ocorreu. O novo prazo para normalização era de 12h.
Na véspera, o mercado deu sinais de um forte movimento especulativo, enquanto investidores demonstravam cautela diante das incertezas nos quadros fiscal e político.
Pregão anterior
No pregão anterior, a moeda norte-americana subiu 2,25%, a R$ 3,9233 – maior nível desde o dia 2 de março de 2016, quando o dólar fechou vendido a R$ 3,8885. Na máxima do dia, a moeda alcançou R$ 3,9674. O dólar turismo foi cotado a R$ 4,0894.
Pela manhã, em casas de câmbio consultadas pelo G1, o dólar foi negociado entre R$ 4,08 e R$ 4,35, já acrescido do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O mercado financeiro viveu um dia de forte turbulência e sinais de um movimento especulativo, com o dólar disparando e a bolsa em forte queda. Apesar de ter se intensificado, a tendência negativa já vinha presente no mercado financeiro nas últimas semanas, em meio a incertezas sobre a recuperação da economia e dúvidas sobre o cenário eleitoral.
Turbulências nos mercados externos e a greve dos caminhoneiros agravaram esse movimento, mas na quinta houve ainda rumores de movimentos especulativos piorando o cenário.
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Diferença entre o dólar turismo e o comercial, considerando valor de fechamento
Atuação do BC
Com a forte volatilidade no mercado financeiro na véspera, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reforçou que a autoridade monetária vai utilizar todos os instrumentos “necessários” para conter a pressão sobre o câmbio.
Goldfajn reiterou que o regime de câmbio flutuante está mantido e que o BC dispõe de instrumentos para conter pressões sobre o câmbio e para garantir a liquidez do mercado. Para ele, a atual volatilidade do mercado é resultado de turbulências no cenário externo.
Goldfajn anunciou uma oferta adicional, até o fim da próxima semana, de US$ 20 bilhões em leilões de “swaps cambiais”, que correspondem à venda de dólar no mercado futuro. Já vêm sendo ofertados diariamente em leilões de swaps US$ 750 milhões. Este tem sido o principal mecanismo utilizado pelo Banco Central para conter as flutuações da moeda americana.
De acordo com o BC, o montante total de swaps ofertados até o dia 15 de junho será de US$ 24,5 bilhões, “salvo intervenções adicionais”. O valor é equivalente a metade do acordo fechado entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para tentar conter a desvalorização do peso.
Goldfajn afirmou que a avaliação é de que, até o momento, não há necessidade de uso de outros instrumentos, mas que eles estão disponíveis. Os mecanismos a que ele se refere são as reservas internacionais do Brasil e os chamados “leilões de linha”, que são venda de dólar à vista com compromisso de recompra.
“O BC se reserva o direito de não oferecer na semana que vem o leilão diário de 750 milhões de dólares e adicionar esse montante às intervenções esporádicas durante o dia”, completou a nota.
G1