uatro veículos continuavam soterrados e sem previsão de retirada sob os escombros do desabamento parcial de um viaduto do Eixão Sul, na área central de Brasília, no início da tarde desta quinta-feira (8). O acidente ocorreu na manhã de terça (6) mas, 48 horas depois, a armação de ferro e concreto ainda não tinha sido retirada.
Um dos proprietários que amargam o prejuízo financeiro deixado pelo rompimento do asfalto é o bancário Igor Lindemberg. Ele deixava o carro na mesma região, embaixo do viaduto, havia 12 anos. Todos os dias, durante o almoço, costumava tirar uma pausa no carro para estudar.
Dentro da camionete de Lindemberg ficaram o notebook de um amigo, a mala que ele usaria em uma viagem e a carteira com identidade, habilitação e título de eleitor.
“Tem muita coisa lá dentro com valor. Se não financeiro, para a minha vida. E estou preocupado de algum ladrão conseguir acessar o carro, porque aquela região é perigosa de madrugada.”
Sem diálogo
Lindemberg afirmou que, no dia do desabamento, ele se apresentou às autoridades que estavam no local e se voluntariou para ajudar, mas “ninguém se importou”. Na manhã desta quinta, uma assessora do Departamento de Estradas e Rodagens (DER) anotou o telefone dele para um contato futuro.
“Pedi, pelo amor de Deus, para o ‘cara’ manter contato comigo quando mexer no carro. O governo deveria minimamente chamar o proprietário do veículo pra dar alguma notícia”, reclamou o bancário.
O seguro vai pagar?
Outro problema enfrentado por Igor Lindemberg é a tentativa de conseguir ser ressarcido pela seguradora. A companhia exige vistoria do veículo seja feita no local. Porém, como o carro está soterrado e a área, bloqueada, a empresa não consegue constatar os danos.
“A seguradora está colocando empecilhos no seguro porque quer ter acesso ao carro, quer tirar alguma foto do carro. Mas se o governo fizer isso (escoramento) só daqui a 30 dias, eles só vão me pagar daqui a 60 dias”, afirmou.
Enquanto o impasse continua, o bancário, morador de Taguatinga, tem mantido a rotina diária com a ajuda de amigos que fornecem carona para que ele possa ir e voltar do trabalho. O escritório dele fica em frente ao viaduto, de onde é possível “vigiar” o carro.
Em nota ao G1, o DER afirmou que o responsável pelo ressarcimento será o Poder Executivo. A seguradora disse que “tomou as medidas necessárias para atendimento ao segurado” e apontou que, “excepcionalmente, autorizou a abertura do processo de sinistro e prosseguirá com o pagamento de indenização”, devido à limitação de acesso ao local para vistorias.