A chegada do frio também é sinônimo de mais cuidados com a saúde. A queda nas temperaturas aumenta em até 30% as chances de infarto e em até 20% os acidentes vasculares cerebrais (AVC) em pessoas com predisposição às doenças. Têm mais chances de sofrer um desses eventos os hipertensos, diabéticos, pessoas com colesterol alto, fumantes e sedentários.
O alerta é do cardiologista e presidente do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor/USP), Roberto Kalil Filho.
Ele explicou que a queda na temperatura contrai os vasos sanguíneos, o que provoca o aumento da pressão sanguínea sobre esses vasos, sobrecarregando o coração. Além disso, facilita o desprendimento de placas de gordura localizadas no interior das artérias, que podem bloquear o fluxo do sangue para o coração e para o cérebro.
Kalil disse, ainda, que outro fator provocado pelo frio contribui para infartos e derrames. “Como sentem menos sede no frio, as pessoas acabam ingerindo menos líquido e desidratam. O sangue mais denso e viscoso coagula mais facilmente, o que colabora também para o aumento da pressão sanguínea”, avaliou.
De acordo com o médico cardiologista Schariff Moysés, a maioria dos infartos ocorre pela manhã, quando a temperatura está mais baixa. “O recomendado é que as pessoas se aqueçam, pois quanto mais frio, mais os vasos se contraem, o que facilita a formação de trombos”, comentou.
Para o cardiologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), José Geraldo Mill, o tempo frio também costuma trazer infecções, outro fator que colabora para a incidência de infarto e derrame. “É importante tomar a vacina da gripe e manter a casa arejada para reduzir infecções”, disse.
Saiba mais
Números
- A incidência de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC) aumenta em 30% e 20%, respectivamente, durante o inverno em pessoas com predisposição às doenças.
- Entre os mais predispostos estão os idosos, hipertensos, diabéticos, pessoas com colesterol alto, fumantes e sedentários.
- A cada 10°C de queda da temperatura, o risco de infarto cresce 7%, especialmente em ambientes abaixo de 14°C.
Infecções
- No frio, também é mais comum o aparecimento de doenças infecciosas, como gripe, por exemplo.
- Doenças respiratórias provocam inflamação nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de desprendimento de placas de gordura localizadas nas artérias.
- A gordura provoca o bloqueio da passagem do sangue, aumentando a pressão nos vasos e artérias que já estão contraídos.
Recomendações
- Se aquecer, vacinar-se contra a gripe e evitar alimentos pesados, ricos em sal e gordura (especialmente à noite).
- Além disso, é importante praticar atividades físicas e ingerir líquidos com frequência, mesmo no frio.
- Manter uma vida saudável, com boa alimentação.
- Não fumar.
- O consumo de alimentos quentes, como sopas, e o uso de agasalhos adequados são importantes para tentar reduzir os riscos à saúde.
- Pessoas que ficam expostas ao frio e precisam trabalhar em ambientes externos devem se manter bem agasalhadas periodicamente, aquecendo-se em um ambiente mais protegido.
Fontes: Incor/USP e pesquisa AT.