O sorriso fácil, os sonhos e o desejo de cuidar da filha de um ano e meio. Tudo isso se transformou apenas em lembranças para quem conviveu durante 27 anos com Gleiciany Costa Paim. A jovem procurou socorro cinco vezes, mas morreu de pneumonia e outras complicações.
Sua peregrinação começou no dia 13 de março. Com dor no braço, ela procurou socorro no Pronto-Atendimento (PA) da Glória, em Vila Velha. “Falaram que era uma bursite, um tipo de inflamação no osso. Ela foi medicada e liberada”, contou sua irmã Sabrina Pereira Costa, 30.
No dia 14, Gleiciany, que era dona de casa, já com dor mais intensa, novamente foi levada ao PA. “Eles a atenderam, cancelaram os remédios, passaram novos medicamentos e a liberaram”, disse Sabrina.
Após dois dias, com dores pelo corpo, ela retornou ao PA. “Ela já não aguentava mais andar, deu febre alta, vomitou e falaram que ela tinha que procurar a Clínica dos Acidentados, mas não a levamos porque ela não tinha fraturas.”
Mas o quadro foi se agravando. Na última terça-feira, já sem conseguir se movimentar, ela foi levada no colo para o PA. “Lá, ela foi colocada na cadeira de rodas. Ela só conseguia falar por meio de sinais. Fizeram um exame de sangue. O médico disse que poderia ser uma infecção urinária ou uma infecção no fígado e mandaram de volta para casa. Ela passou a noite muito mal e apresentava manchas roxas pelo corpo e vomitando.”
Na última quarta-feira, ela foi levada para o Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria (Maternidade Vila Velha), mas não resistiu. Na Certidão de Óbito consta como causa da morte: pulmões de choque (síndrome do desconforto respiratório agudo), sepse ( infecção generalizada), pneumonia lobar bilateral e infecção do trato urinário.
“Como minha irmã pode ter morrido de pneumonia se ela não estava tossindo e nem estava gripada? Para a gente, a causa da morte foi negligência desde o primeiro dia. Ela morreu depois de tomar uma injeção. Disseram que ela teve três paradas cardíacas”, questionou Sabrina.