Número foi contabilizado em aproximadamente dois meses. Bióloga disse que está acontecendo um desequilíbrio ambiental na região.
Residências do município estão sendo invadidas por cobras há cerca de dois meses. Segundo a contabilização deles, mais de 200 animais já foram encontrados. A bióloga do Instituto Federal do espírito Santo, Mirella Castro, disse que pode estar acontecendo um desequilíbrio ambiental na região.
A aposentada Ester Martins encontrou uma falsa jararaca de 50 centímetros na área de serviço da casa dela, nesta quarta-feira (14). Ela contou que foi a primeira vez.
“Aqui em casa é a primeira vez que aparece, mas não esperava isso. Sou uma pessoa que se preocupa muito com limpeza, então sempre estou fazendo faxina, tirando as coisas do lugar, nunca tinha visto. Foi um susto”, contou.
Ela mora no bairro Mauá, área onde já foram encontradas cerca de 150 cobras em pouco mais de um mês. Até mesmo dentro da escola Léa Holz, animais já foram capturados.
Apesar de não ter sido registrada nenhuma picada de cobra nesse tempo, os moradores temem a situação, principalmente por causa de crianças.
“Encontrei na casa do vizinho do lado, depois na rua de baixo, na rua de cima, na casa da esquina. Tá aparecendo em tudo que é lugar. O pessoal não sabe o que fazer. Encontra e mata, pra não ir pra casa do vizinho. Se picar uma criança da gente, a quem vai responsabilizar?”, questionou o vigilante Marcos Paulo Martins.
O comerciante Henrique Boasquives disse que encontrou oito cobras nos últimos dias. “Não é normal aparecer na rua, quase todos os dias. Aqui já virou coisa do cotidiano, os quintais viraram mata pra elas”, contou.
A orientação é não matar os animais e sim chamar a Polícia Militar Ambiental para fazer o recolhimento correto, mas os moradores alegam que ao soltarem, os animais podem voltar para dentro das casas.
“Já encontrei uma entrando para o banheiro e uma na área da minha casa, no domingo agora. Temos medo por causa das crianças. Dizem que não pode matar, mas a gente vai fazer o que? Soltar para ir para a casa de outro vizinho?”, questionou a dona de casa Suneiva Matos.
Prefeitura
Além do bairro Mauá, o aparecimento de cobras foi registrado também em Sapucaia, Rosário I, Rosário II e Alto Guandu.
O secretário de Meio Ambiente de Baixo Guandu, Allony Torres, disse que a prefeitura tem investigado e feito limpeza em alguns lotes no município.
“A prefeitura está notificando todos os proprietários com os lotes que estão sujos, que é um agravante da situação. Já iniciou a notificação para poder limpar, para diminuir as ocorrências desses animais no município. Ao mesmo tempo, a prefeitura também busca uma integração com os biólogos para saber qual é a real causa do que está acontecendo”, disse.
Bióloga
A bióloga Mirella Castro, do campus de Colatina do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), analisou as fotos e vídeos das cobras que estão aparecendo no município e disse que pode estar acontecendo um desequilíbrio ecológico na região.
“Talvez algum problema ambiental, como um desmatamento, até mesmo alguma construção próxima a essa região que teria modificado o ambiente natural dessas cobras e por conta disso elas estariam buscando o ambiente urbano, até mesmo por questões alimentares. Se essa área tiver lixo, ela está indo atrás de alimento”, falou.
Pela análise das imagens, as cobras já encontradas aparentemente não são venenosas.
“A cobra venenosa teria a cabeça mais triangular, destacada do corpo, e a não venenosa é ovalar, como as observadas nas imagens. Uma outra característica que dá para ver muito bem é nas pupilas, que na não venenosa é redondinha e na venenosa é uma fenda vertical. A cauda também é uma outra característica, que na venenosa ela afila abruptamente e na não venenosa vai afilando mais devagar”, explicou a bióloga.
A orientação é não matar as cobras. “O certo é chamar a polícia ambiental, mas se na hora não for possível, recolher a cobra e devolvê-la para uma área de mata. Matando, você vai estar causando ainda mais problemas ambientais”, disse Mirella.
Crime ambiental
Matar cobras é considerado crime ambiental. Caso haja flagrante, a pessoa pode ser levada para a delegacia e responder a um processo pela ação.
A Polícia Militar Ambiental disse que recolhe esses animais se eles estiverem oferecendo risco. O telefone na região é 3711-8151