Com medo da violência, condomínios da Grande Vitória contratam profissionais com revólver, escopeta e até treinamento tático
É noite de outono num enorme condomínio de luxo no município da Serra. Enquanto os moradores desfrutam da tranquilidade, dois homens pulam o muro do residencial, mas acabam surpreendidos por guardas armados com revólveres calibre 38. No confronto, fugiram por um descampado, enquanto o policiamento público ostensivo era acionado.
Em busca de proteção para este tipo de ataque e para evitar outros crimes, moradores de condomínios da Grande Vitória chegam a desembolsar a partir de R$ 40 mil mensais para ter segurança armada 24 horas dentro do muros.
Já há registros de solicitação a Polícia Federal para que o armamento fique mais pesado, chegando a carabinas de calibre 38 e escopetas — ambas com poder de destruição maior. Tudo para proteger um grupo específico e restrito de moradores.
O cenário se desenha justificado aos resultados registrados pela própria Secretaria da Segurança Pública: o Estado registrou um furto ou roubo a cada seis minutos e 1,4 mil assassinatos no ano passado — um crescimento de 18% em relação a 2016, no número de homicídios.
Há 30 anos gerenciando no mercado de segurança, Jefferson Barros é um exemplo dessa demanda por tranquilidade: hoje movimenta 300 profissionais armados que protegem cerca de cinco mil moradores da Grande Vitória.
“São homens com treinamento específico para ostensivo patrimonial e para o determinado perímetro e geografia do condomínio. Nenhuma equipe funciona com menos de 12 homens armados”, conta.
Os homens da equipe do coordenador de operações táticas Juliano Gomes Mattos — que protegem 3,5 mil moradores da região metropolitana — chegam a ser submetidos ao Centro de Treinamento Tático, que usam munições do porte da Companhia Brasileira de Cartuchos na América Latina.
“É necessário, uma vez que a tendência dos ataques de criminosos é quebrando paredes, abrindo realmente buracos nos muros dos condomínios, principalmente nos locais mais desertos”, destaca.
Não por menos: bandidos tentaram atacar um condomínio de luxo na Serra por meio de uma lagoa. Desde então, vigilantes armados navegam de barco 24 horas. Todo cuidado é pouco — e caro.