Os deputados amazonenses retornam do recesso parlamentar dia 6, com uma pauta indigesta. Criar ou não uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a crise na saúde em Manaus durante a segunda onda da pandemia de Covid 19, tendo como fato determinante a escassez de oxigênio, que provocou centenas de mortes por asfixia e colapsou a rede hospitalar do Estado.
Duas propostas de CPIs se atropelam por pura conveniência. As assinaturas saltitam de uma para outra, de forma proposital, para impedir o quórum necessário.
É mais um jogo de cena, para inglês ver, marcado por interesses pessoais do que mesmo uma disputa salutar e republicana pela definição dos temas a serem investigados.
São necessárias sete assinaturas ou um terço dos deputados. Cinco assinaram uma das propostas de CPI para apurar crimes cometidos ou negligenciados pelo governo do Amazonas durante a segunda onda da pandemia de Covid 19. Alguns, sem convicção, empurrados por um certo ativismo de seus seguidores. As duas assinaturas seguintes são partes desse espetáculo mambembe: “sai, não sai, assino, não assino”, um teatro que revela a qualidade duvidosa dos atores envolvidos.
Depois de um cochilo da base governista, que permitiu a instalação da CPI da Saúde, ano passado, durante a primeira onda da pandemia – que identificou uma quadrilha que utilizava dinheiro destinado a combater a Covid para se locupletar, com o resultado de compras superfaturadas – o governo resolveu cobrar a conta dos parlamentares, muitos com negócios no governo.
Uma assinatura agora, se não tem um preço, tem consequência.
Não vai sair CPI, mas o espetáculo continua e nos porões do governo, onde conveniência e interesse se combinam, o governador Wilson Lima vence uma batalha parcial. Talvez a única antes do fim precoce de seu governo.
Em outubro do ano que vem, o eleitor poderá cobrar essa fatura dos deputados.
Fonte: Portal do Holanda