O governo deve citar a cifra de R$ 2 bilhões em investimentos em pesquisa e argumentar que espera mais testes antes de fazer novos aportes em mensagem ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte deu até 6ª feira (30.out) para que o Planalto explique a desistência do Ministério da Saúde em financiar a Coronavac, vacina contra o coronavírus produzida pelo laboratório chinês Sinovac e testada pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
O argumento do governo é que, desde o início da pandemia, R$ 2 bilhões já foram investidos com os estudos, sendo que boa parte do dinheiro foi para financiar as pesquisas com a vacina de Oxford, que é uma parceria com o laboratório Astrazeneca. Além disso, o Ministério da Saúde desembolsou mais R$ 830 milhões para participar das pesquisas do Covax-Facility, estudo coordenado pela Organização Mundial da Saúde.
O Planalto também vai negar que a desistência seja resultado da politização com o governador de São Paulo, João Doria, adversário do presidente Jair Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro reuniu-se nesta 4ª feira (28) com os governadores do Rio de Janeiro e de Goiás, que sinalizaram alinhamento. O mandatário de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), afirmou que o governo federal não pode gastar todos os recursos com pesquisa para não ficar sem caixa quando acabar a fase de testes e já houver conclusão sobre qual vacina é mais eficaz contra a covid-19.
Cláudio Castro, que assumiu o comando do governo do Rio depois que Wilson Witzel foi afastado, adotou a mesma linha de discurso. “A postura do Rio hoje é esperar a Anvisa, esperar o Ministério da Saúde, que eles possam fazer o cadastro e comprovar a eficácia de uma vacina que seja a política pública para o Brasil fazer”, disse.
Nesta 4ª feira, faz uma semana que o presidente Jair Bolsonaro determinou que o Ministério da Saúde voltasse atrás na intenção de financiar os estudos da vacina que está sendo testada pelo Instituto Butantan. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia anunciado encontro virtual para os governadores que o governo federal iria comprar 46 milhões de doses da Coronavac; decisão que foi comemorada pelo governador de São Paulo, João Doria. No dia seguinte, diante da repercussão negativa entre os apoiadores, Bolsonaro mandou o Ministério da Saúde desistir do acordo com o Butantan.
Fonte: SBT