O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (7) o retorno do rodízio de veículos na cidade, mas agora de forma mais radical numa tentativa de aumentar o isolamento social na cidade. “O rodízio será ainda mais restritivo porque questões extremas exigem medidas extremas. Não dá pra gente não adotá-lo quando a ocupação dos leitos de UTI passam de 80%”, afirmou Covas.
A medida começa a valer nesta segunda-feira (11) por 24 horas, inclusive aos fins de semana, e não mais apenas nos horários de pico. A restrição será para qualquer via da capital paulista e não só no Centro Expandido.
Podem circular em dias ímpares, veículos com placa final ímpar, e dias pares para dígitos pares, incluindo o final 0. A partir de segunda volta a valer também a Zona Máxima de Restrição para Circulação de caminhões, excluídos apenas os da área de abastecimento e saúde.
A restrição não vale para os veículos que já tinham isenção de rodízio, como polícia, exército, gás e ambulâncias, e agora será ampliada para os profissionais de saúde. Para isso, será necessário fazer um cadastro pelo e-mail: isencao.covid19@prefeitura.sp.gov.br. O prazo é de 10 dias e as multas serão canceladas no período. Depois só será possível entrar com recurso em uma junta específica que será criada pela secretaria.
De acordo com o secretário de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, todos os prestadores de serviço de saúde receberão um e-mail para realizar o cadastro de cada um de seus profissionais.
Táxis são isentos do rodízio. Já os carros de aplicativos terão de respeitar a regra e só circular nos dias permitidos, de acordo com a placa.
“Os bloqueios não surtiram efeito porque não diminuíram a circulação de pessoas. Se apenas os trabalhadores dos serviços essenciais estivessem nas ruas, não haveria congestionamento. Quem trava o trânsito é aquele que não entendeu o recado para ficar em casa”, justificou o prefeito.
O motorista que desrespeitar a regra, de acordo com a proposta, vai levar multa. O limite seria de uma por dia, mesmo que o veículo seja flagrado por várias vezes circulando durante a restrição.
Outros impactos
O prefeito anunciou que foi analisado o impacto do retorno do rodízio no transporte público, por isso, a partir de segunda, serão colocados em circulação mais mil ônibus e outros 600 ficarão em bolsões próximos aos terminais para atender a população em caso de necessidade com o aumento da demanda.
“Além de restringir a circulação durante a quarentena, a gente tem um ganho ambiental e um ganho de saúde. Há uma melhora na qualidade do ar nesse período de aumento das doenças respiratórias”, explicou Covas.
Segundo dados da prefeitura, na cidade são 93.312 casos suspeitos de covid-19 e 23.807 já confirmados. Somando os 1.928 óbitos confirmados com os 2.372 em investigação, são 4.300 mortes pela doença.
O secretário municipal de saúde, Edson Aparecido, destacou que a disseminação do novo coronavírus está em alta e todos os distritos registram mortes pela covid-19. A situação mais crítica é em Sapopemba, na zona leste, e Brasilândia, na zona norte, onde os óbitos passam de cem.
A ocupação dos leitos nos hospitais Bela Vista, Itaquera e Vila Maria é de 95%, seguido por Pirituba (91%), Mooca (84%), Jabaquara e Parelheiros (83%) e
Tatuapé 77%.
Caberá à Secretaria de Mobilidade e Transportes a avaliação da medida para saber se o impacto esperado foi alcançado. A atual taxa de isolamento em São Paulo é de 48%, mas o ideal seria 70% para barrar a rápida propagação do vírus.
Na noite desta quarta, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou cerca de 50 quilômetros de congestionamento por volta das 19h e algumas vias da cidade tiveram fluxo intenso.
R7