Bolsonaro disse que bloqueou a verba para educação porque precisa e chamou os manifestantes de ‘idiotas’.
Ao menos 184 cidades do Brasil tiveram manifestações, nesta quarta-feira (15), contra o bloqueio de recursos para a educação anunciado pelo Ministério da Educação (MEC). Houve atos em todos os estados do país e também no Distrito Federal.
Universidades e escolas também fizeram paralisações, após a convocação de uma greve de um dia por parte de entidades ligadas a sindicatos, movimentos sociais e estudantis e partidos políticos. Os atos foram pacíficos.
Foi a primeira grande manifestação durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. Em Dallas (EUA), Bolsonaro classificou os manifestantes de “idiotas úteis” e “imbecis”. Mais tarde, por meio do porta-voz Otávio Rêgo Barros, disse que as manifestações de “legítimas e democráticas, desde que não se utilizem de violência, nem destruam o patrimônio público”.
A reação às declarações de Bolsonaro apareceu em faixas nos protestos e também em críticas nas redes sociais.
Ao Blog do Camarotti, auxiliares do governo entendem que uma fala do ministro da Educação Abraham Weintraub turbinou as manifestações. Weintraub sinalizou cortes em universidades onde houvesse “balbúrdia”.
Resumo
- MEC bloqueou 24,84% dos gastos não obrigatórios dos orçamentos das instituições federais. Essas despesas incluem contas de água, luz e compra de material básico, além de pesquisas
- As verbas obrigatórias (86,17%), que incluem salários e aposentadorias, não serão afetadas
- Sindicatos e movimentos estudantis convocaram um dia de greve contra cortes de verbas que, segundo eles, podem paralisar as universidades
- O ministro interino da Economia, Marcelo Guaranys, disse que a arrecadação do governo foi abaixo do esperado e, por isso, foi feito o congelamento temporário de verbas
- O ministério informou que “está aberto ao diálogo” e que o ministro se reuniu com reitores de federais
- O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não gostaria de contingenciar verbas, mas que isso é necessário. Ele também declarou que os manifestantes são “uns idiotas úteis, uns imbecis”.
Veja a situação dos protestos nos estados
São Paulo
À tarde, manifestantes protestaram na Avenida Paulista contra os cortes na educação. O ato se concentra em frente ao vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp); os dois sentidos da via foram interditados.
Pela manhã, na capital paulista, estudantes e professores da Universidade de São Paulo (USP) — que é estadual, mas foi afetada pela suspensão de bolsas de pós-graduação — fecharam uma das entradas da instituição, na Zona Oeste da cidade.
Estudantes secundaristas também faziam manifestação, pouco depois das 7h, pelas ruas de Higienópolis, bairro nobre da região central de São Paulo.
Em Campinas, no interior do estado, houve dois atos. Em um deles, a avenida que dá acesso aos campus da Unicamp e da PUC-Campinas foi bloqueada no início da manhã estudantes. Em seguida, manifestantes encheram o Largo do Rosário. Em Sorocaba, também no interior, alunos e professores se reuniram em uma praça no centro da cidade. Outras cidades da região, como Jundiaí, São Roque, Salto, Itu e Porto Feliz, também tiveram manifestações e paralisações.
Em Santos, no litoral, petroleiros também se juntaram ao movimento, que também incluiu a defesa das refinarias e o protesto contra a privatização e a reforma da Previdência. Em Bauru, estudantes e professores protestaram em ato em frente à Câmara Municipal. Também houve atos e paralisações em Ourinhos, Marília, Assis e Tupã. Estudantes e servidores de Boituva, Campina do Monte Alegre, Avaré e Itapetininga também participaram de atos.
Também no interior, estudantes da USP e da Unesp fizeram atos em Ribeirão Preto, Jaboticabal, Franca e Sertãozinho, além de Presidente Prudente e Piracicaba. Em Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba e Suzano, no Alto Tietê, professores e estudantes se manifestaram pela manhã. Araraquara, Rio Claro, São Carlos, São João da Boa Vista e Araras também registram atos de alunos.
No Noroeste Paulista, alunos fizeram manifestações em Catanduva, São José do Rio Preto, Araçatuba, Votuporanga e Ilha Solteira.
No Vale do Paraíba, escolas e universidade em São José, Taubaté e Guaratinguetá não funcionaram nesta manhã.