São pessoas que procuraram o SUS, esperaram muito, não conseguiram atendimento e recorreram à Justiça na esperança de verem o problema resolvido.
Doze mil pacientes no Espírito Santo esperam uma resposta judicial para conseguir tratamento médico, segundo dados do Tribunal de Justiça Estadual (TJ-ES). São pessoas que procuraram o Sistema Único de Saúde (SUS), esperaram muito, não conseguiram atendimento e recorreram à Justiça na esperança de verem o problema resolvido.
Funcionou para a coordenadora de vendas Mailza Dias de Barros Sampaio, mas antes de decidir entrar com o processo, ela sofreu com a espera e as dores.
Precisando de uma cirurgia no ombro, ela não conseguia fazer as tarefas diárias. Esperou por mais de um ano e só conseguiu ser operada depois de recorrer à Justiça.
Mailza só conseguiu ser operada depois de recorrer à Justiça pela Defensoria Pública — Foto: Reprodução/TV Gazeta
“Eu procurei a Justiça porque eu fui negada em todas as portas que fui, hospitais, tudo. Até que um médico disse pra mim que eu deveria procurar a Justiça, que não tinha outra solução.
Assim que procurou orientação, a liminar da Justiça saiu em dois meses. “Eu fui na Defensoria Pública de Cariacica, a defensora deu entrada em novembro e quando foi 10 de janeiro eu recebi a liminar em mãos. Eu aconselho que quem tem alguém para resolver relacionado à Saúde, ou qualquer outra coisa, eu acredito que a Justiça é o nosso caminho”, falou.
Muita gente procura os defensores públicos, que são os advogados de quem não tem condições de pagar, e essa demanda só tem aumentado, segundo o defensor Rochester Oliveira Araújo.
“Tem um aumento significativo das pessoas que procuram o Sistema Único de Saúde por não estarem mais acobertadas por planos de saúde, então isso acaba gerando uma demanda ao sistema público, mas também o próprio reconhecimento de direitos e canais de acesso possíveis à Justiça, então isso tem gerado sim um aumento da demanda”, disse.
Pedidos
Na Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), os pedidos autorizados por juízes subiram de 6901 de janeiro a agosto do ano passado para 7961 no mesmo período deste ano. Je janeiro a julho do ano passado, foram R$ 47,3 milhões para pagar tratamentos de saúde, e R$ 61 milhões no mesmo período desse ano.
A Defensoria Pública do Estado também criou um sistema com a Sesa que já diminuiu os processos na Justiça. De cada 10 pessoas que procuram os defensores, quatro resolvem através dele.
“Hoje em dia a gente já conseguiu fazer um canal muito mais próximo com a Secretaria de Saúde e a gente faz um trabalho de extrajudicialização também, fazendo contato direto através de um sistema criado pela Defensoria com a Secretaria de Saúde para saber se aquele medicamento, aquele tratamento, pode ser fornecido, evitando o canal da judicialização e atolar cada vez mais o sistema de Justiça”, disse Rochester.
Sistema facilitou a comunicação entre Defensoria Pública e Secretaria de Saúde — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Secretaria de Saúde
O secretário de Saúde, Ricardo de Oliveira, admite que a fila é grande e é absurda, mas garante que o Estado tem trabalhado para melhorar o atendimento aos pacientes.
“76% são atendidas em 60 dias, então nós temos 24% que pode ir de 60 dias a um ano, dois, três. Isso é um absurdo? É. Aí o SUS tem que melhorar isso, é óbvio, é o que nós estamos fazendo de duas formas: primeiro, fazendo mutirões, que lançamos o de cirurgias e vamos fazer agora de exames, e a outra estratégia é a Rede Cuidar, que está ampliando o volume de consultas e exames dentro das regiões de saúde aí pelo interior, e mudando o modelo de atendimento”, explicou.
Assista à versão desta reportagem que foi ao ar no ES1:
Crescem pedidos na justiça para conseguir tratamento médico no Espírito Santo