Após uma médica do Distrito Federal encontrar um barbeiro dentro de casa, num prédio em Águas Claras, a Secretaria de Saúde alerta que é justamente nesta época de chuvas que o transmissor da Doença de Chagas costuma aparecer mais.
Só neste ano, 536 desses animais foram encontrados no DF. De acordo com Vilma Ramos, bióloga da Vigilância Ambiental, a maioria dos casos ocorreu na zona rural.
“A invasão dos insetos dentro das residências de área urbana, principalmente em apartamentos, é rara e pode ser explicada porque os voos dos barbeiros são auxiliados por correntes de ventos ou porque eles se alojam em penas dos pássaros, provenientes de matas próximas’, diz.
Vale lembrar que o barbeiro sozinho não transmite a Doença de Chagas. São as fezes infectadas dele que, em contato com alguma superfície da pele, pode causar a contaminação em humanos. “Não é porque o barbeiro está com o parasita que ele vai infectar uma pessoa [com a doença]”, explica a bióloga.
Caso em Águas Claras
Moradora de Águas Claras, a médica Eridan Stefanelli levou um susto ao passar pela sala do apartamento da família, na quinta-feira passada (15/10). Caminhando pelo cômodo, a residente do Instituto de Cardiologia do DF deparou-se com um inseto semelhante a um barbeiro, propagador da doença de Chagas, que pode causar desde febre a arritmia cardíaca.
Com cuidado, Eridan capturou o animal e acionou a Vigilância Sanitária, que confirmou se tratar de um barbeiro. Após o ocorrido, a agência realizou exames e, nessa segunda-feira (19/10), descobriu que o bicho carregava o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da Doença de Chagas.
Os moradores do apartamento fizeram exames sorológicos para saber se houve contaminação e aguardam os resultados.
Em publicação feita em uma página de moradores do bairro numa rede social, Eridan conta morar num andar alto e próximo ao Parque de Águas Claras. A experiência na área de saúde foi crucial para que ela reconhecesse o inseto, que, segundo a Vigilância Sanitária, pode ter aparecido, justamente, da zona de mata próxima ao prédio da médica.
O que fazer?
Caso uma pessoa aviste o inseto, a orientação é de que o bicho seja capturado em um vidro ou sacola, sem colocar em álcool ou água, e enviado à Vigilância Ambiental para confirmação da espécie e contaminação.
A equipe pode ser acionada pelo telefone (61) 2017-1344 ou diretamente nos Núcleos Regionais de Vigilância Ambiental.
Confira dicas da Vigilância Ambiental:
- A coleta do inseto suspeito deve ser precedida de cuidados para não esmagar, apertar, bater ou danificar o animal, protegendo bem a mão com luva ou saco plástico.
- É preciso ter o cuidado de não tocar diretamente o inseto.
- Deve-se acondicioná-lo em recipientes plásticos ou de vidro, com tampa de rosca para evitar a fuga.
- As amostras coletadas de barbeiros em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo ou quintal) deverão ser acondicionadas separadamente, com os recipientes rotulados: data, endereço completo e nome do responsável pela coleta, local de captura, se dentro da casa (qual o cômodo) ou fora dela.
- Nas residências, as recomendações são de instalar telas apropriadas nas janelas, afim de criar uma barreira mecânica ao ingresso de barbeiros e outros insetos ou animais indesejados.
- Os locais com potencial de se tornarem esconderijos de barbeiros deverão ser tampados/vedados.
- Na limpeza do domicílio, devem ser inspecionados atrás dos quadros nas paredes e embaixo dos colchões e travesseiros, para verificação sistemática de possíveis esconderijos dos insetos pela proximidade com a fonte alimentar (pessoas dormindo).
- Também devem ser observadas frestas em paredes e, ainda, evitar amontoados de pertences que sirvam de esconderijos.
Fonte: Metrópoles