O terreno é particular, mas estava abandonado, foi ocupado pelas famílias há pouco mais de dois anos
O sonho de ter um pedaço de chão e um teto para morar foi destruído para 22 famílias na Serra: elas tiveram de deixar um terreno no bairro Central Carapina na manhã desta quarta-feira, após ação de reintegração de posse comandada pela Companhia Independente de Missões Especiais – a tropa de choque da Polícia Militar.
O terreno, que é particular, mas estava abandonado, foi ocupado pelas famílias há pouco mais de dois anos. Alegando não ter onde morar, os ocupantes limparam o terreno, dividiram o espaço em pequenos lotes e construíram diversas casas, sendo a grande maioria de madeira. Muitas construções eram improvisadas, em estado precário.
No ano passado, a Justiça chegou a emitir um mandado para reintegração de posse, mas a Defensoria Pública recorreu e conseguiu uma liminar em favor dos ocupantes. “A ação foi suspensa para que pudéssemos negociar melhor. Nossa ideia era tentar uma solução extrajudicial, mas as negociações não avançaram”, afirmou o defensor público Rafael Mello Portella.
A ideia da Defensoria Pública era fazer uma mediação para regularizar a doação do terreno, negociar contrato de compra e venda ou garantir desapropriação pelo município. “Tentamos todos os meios cabíveis para privilegiar a moradia”, disse o Portella.
Reintegração
Como a solução não veio, a Justiça emitiu um novo mandado, que foi cumprido por oficiais de justiça, com apoio da Polícia Militar. Os policiais chegaram ao local por volta das 8h30, pegando muitos ocupantes de surpresa.
Um trator foi utilizado para derrubar as casas. Apesar do clima de revolta e comoção entre os moradores, não houve nenhum tipo de conflito.
Uma das ocupantes é Viviane Ferreira, 29 anos. Desempregada, com quatro filhos e uma doença no coração, ela se mudou para o terreno por falta de condições para garantir um teto de outra forma.
“Recebo R$ 200 de Bolsa Família, que utilizo para alimentação. Não sobra para pagar aluguel. Construí minha casa de madeira e pretendia, mas agora não sei mais para onde eu vou”, disse Viviane.
Segundo moradores da região, o terreno estava abandonado há anos. Antes da ocupação, o local virou depósito de entulho e acumulava lixo. “Identificamos que houve abandono do local, que acabou sendo ocupado por famílias com dificuldade enorme de pagar aluguel”, disse o defensor público.
Em nota, a Prefeitura da Serra informou que, até o momento, nenhuma família procurou a Secretaria de Habitação.
Tribuna Online