A vacina pentavalente, que está no calendário vacinal obrigatório dos bebês, está em falta em várias cidades do Espírito Santo pelo sistema público de saúde. Ela imuniza contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite e outras infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo B. Nas unidades de saúde, não há previsão de chegada.
A vacina deve ser aplicada nos bebês em três doses: uma aos dois meses, depois aos quatro e depois aos seis. Doses podem ser encontradas na rede particular, mas o preço não é popular: varia entre R$ 200 e R$ 270.
A técnica de enfermagem Érica Faroni tentou vacinar a filha Vitória, de dois meses, no posto de saúde do bairro Coqueiral de Itaparica, em Vila Velha, nesta sexta-feira (2), mas precisou voltar para casa sem a filha estar imunizada.
“Isso é um descaso, a gente sai cedo de casa para poder dar a vacina para a criança e não tem. Fico preocupada com a prevenção da minha filha. Vou aguardar para ver se tomam alguma atitude, porque ela tem um preço muito salgado”, falou.
O filho da professora de ginástica Juliana Lunz tomou a primeira dose da vacina, mas quando ela o levou para tomar a segunda, aos quatro meses de vida, também não encontrou a dose disponível nos postos de saúde de Cariacica.
“A de dois meses eu consegui dar, mas quando ele fez quatro eu não consegui. Rodei todos os postos de Cariacica e nada, já tem 15 dias essa falta e dizem que não tem previsão de chegar”, contou.
O Ministério da Saúde informou que há mais de 10 milhões de doses da vacina pentavalente prontas para serem distribuídas pelo país, mas para isso acontecer, ainda falta a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O governo federal informou ainda que está resolvendo o problema, mas não deu prazo pra começar a distribuição. Esse impasse aconteceu porque houve uma recente variação de temperatura e as vacinas são sensíveis a essas mudanças.
Sul do estado
Famílias também estão se deparando com o mesmo problema nos postos de saúde de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do estado.
A vendedora Deiana Mota é mãe do pequeno Heitor, de quatro meses. Ela foi até o posto de saúde da cidade nesta sexta-feira, mas saiu com o cartão vacinal do filho incompleto.
“Vou ficar atrás pra saber quando vou conseguir vacinar ele. Meu filho já está com atraso nas vacinas, a que era para ele tomar com quatro meses, já vai tomar com cinco. Então não tem como não fica preocupada”, falou a mãe.
A expectativa, segundo a coordenadora de imunização de Cachoeiro de Itapemirim Horminda Gonçalves, é de que a situação se normalize dentro de um mês.
“Nos próximos 30 dias os pais serão informados por meios de divulgação, então não há motivo para alarde por enquanto, é só aguardar um pouco mais que a vacina vai chegar”, disse.
Entenda a importância da vacina
O pediatra Rodrigo Aboudib, que também é presidente da Sociedade de Pediatria do Espírito Santo, explicou que a dose da vacina pentavalente é muito importante nos primeiros meses de vida da criança, porque protege contra cinco doenças.
“O sistema imunológico dessa criança está em formação e a vacina vem como uma forma de estimular o sistema imunológico para fazer uma efetiva defesa do organismo dessa criança”, explicou.
Ele conta que é importante não ficar sem vacinar. “Se a criança já tomou alguma dose e não conseguiu fazer uma segunda dose, é importante que seja dito que essa primeira vacina nunca está perdida. Se passar uma semana, não tem problema, o importante é que temos que vacinar toda a nossa população infantil”, destacou.