Os presidentes das operadoras de telecomunicações conseguiram apoio da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que encampou um pleito das empresas e sugeriu ao governo a criação de um vale mensal para que clientes de menor porte aquisitivo possam manter suas contas de celular.
A proposta foi direcionada pela presidência da agência ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Telecomunicações. Pessoas que participaram das discussões dizem que a ideia é que esse vale mensal seja de R$ 30, vigore pelos próximos três meses e seja custeado com recursos do Fundo de Fiscalização de Telecomunicações (Fistel).
Na proposta da Anatel, o vale seria destinado somente a beneficiários do Bolsa Família e do Cadastro Único. As empresas cogitaram até a possibilidade de oferecerem crédito via celular. Neste caso, as fontes teriam de ser mais robustas.
Embora não tenham apresentado ao ministro quais seriam essas fontes, consideram o uso do Fistel, que acumula um saldo de R$ 93,4 bilhões desde a privatização da telefonia, e do Fust (Fundo de Universalização das Telecomunicações), que conta com cerca de R$ 22 bilhões.
A preocupação das teles é a mesma de todo o varejo durante a pandemia do novo coronavírus. Como estão com lojas fechadas, não realizam vendas.
O consumo da clientela de pré-pagos, que em muitas operadoras passa de 60% das linhas ativas, começou a dar sinais de queda. Em algumas operadoras as recargas de chips pré-pagos despencou 70% no último mês.
Nesse ritmo, em dois meses, as empresas dizem que estarão sem fluxo de caixa e isso poderá comprometer a qualidade do serviço -já sob pressão do aumento de tráfego de internet pelos clientes pós-pagos.
Essa explicação também foi apresentada pela Anatel ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcos Pontes.
Tanto Pontes quanto Guedes, da Economia, mostraram-se interessados em resolver o problema para evitar um colapso nas redes de telecomunicações, considerado um serviço essencial pelo decreto que instituiu o estado de calamidade pública no País por causa da crise causada pelo coronavírus.
Fonte: Tribuna