Para a polícia, ele foi ao local retirar os equipamentos de monitoramento instalados no apartamento de Milena
Imagens de câmeras de monitoramento mostram que policial civil Hilário Frasson foi ao apartamento de Milena, em Vitória, no mesmo dia em que a médica era sepultada em Fundão, no dia 16 de setembro. A gravação foi feita poucas horas após Hilário ter liberado o corpo de Milena e saído do Departamento Médico Legal (DML).
Segundo documentos constantes no inquérito policial que investiga a morte de Milena, Hilário não seguiu para Fundão para o enterro da ex-esposa. O policial foi ao apartamento em que a ex morava, onde ficou pouco mais de 20 minutos. São essas imagens que reforçam a tese da polícia, segundo as investigações do crime, de que ele foi ao apartamento retirar o equipamento de monitoramento que havia mandado instalar.
VEJA VÍDEO
No vídeo, Hilário ele entra no prédio de Milena, passando pela recepção. Carrega nas mãos, com leveza, apenas um envelope. Em outra imagem, gravada dentro do elevador, ele deixa o apartamento cerca de 20 minutos depois, carregando, além do envelope, segundo suspeita a polícia, alguns pequenos equipamentos que as investigações apontam como aqueles destinados à gravação dentro do apartamento. Logo em seguida, Hilário aparece em outra câmera, passando pela recepção e deixando o prédio.
SEPARAÇÃO
No dia 4 de abril deste ano, Milena conseguiu na Justiça uma liminar garantindo a separação de corpos, ou seja, uma autorização judicial que a permitia sair de casa levando as crianças. No dia em que deixou a casa, inclusive, ela escreveu a carta relatando o que se passava com ela, carta que também foi anexada ao processo. Cerca de 15 dias depois, ela e o ex-marido assinaram um acordo de separação, que não chegou a ser homologado pelo juiz.
Em função disto, Milena pode retornar para casa, com sua mãe, mas Hilário não poderia entrar na residência. Mas depoimentos constantes no inquérito policial revelam que Hilário Frasson procurou uma empresa para contratar serviços de monitoramento. O objetivo era instalar câmeras em seu apartamento, sendo uma na sala, de frente para a porta de entrada, e outra no quarto do casal, focalizando a cama. Duas pessoas com especialização na instalação deste tipo de equipamento estiveram com ele no apartamento que pertencia ao casal.
Nos depoimentos presentes no inquérito, eles relatam que estiveram no quarto do casal, num quarto de solteiro ao lado e na sala, avaliando que tipo de equipamento seria necessário e como eles poderiam ser instalados. Pelo serviço seria cobrado um valor de R$ 2,6 mil.
O proprietário da empresa, um agente da polícia federal aposentado, posteriormente informou a Hilário que precisaria de um tempo maior do que o estabelecido pelo policial, que era de três dias. Seriam necessários dez dias, pelo menos, já que o equipamento teria que ser encomendado.
Segundo o dono da empresa, Hilário, na ocasião, estava armado e por isso ele achou que se tratava de um delegado ou promotor. Foi dito a ele que o motivo de instalação das câmeras era “para observar o comportamento da filha adolescente”.
Dez dias após a visita, o empresário ligou para Hilário para informar que o equipamento havia chegado, mas recebeu a informação de que não seria mais necessário fazer o serviço. Nos dois depoimentos anexados ao inquérito os técnicos relatam não terem feito a instalação dos equipamentos, mas as imagens captadas no dia do enterro da Milena, segundo as investigações, mostram uma situação contrária, com Hilário se preocupando em ir ao apartamento, no momento em que todos estavam se voltando para o enterro de Milena, para retirar os equipamentos.
Para o delegado Janderson Lube, à frente da investigação pela Delegacia de Homicídios Contra Mulher – em entrevista concedida durante coletiva na tarde desta quarta-feira (18) – são fatos que comprovam as ameaças e a vigília que a vítima sofria em relação ao ex-companheiro.
“Dentro da perseguição que ele fazia com Milena, existem indícios de que Hilário procurou profissionais do ramo da segurança para que fossem instaladas câmeras de segurança em dois cômodos do apartamento que pertencia ao casal, inclusive uma delas sobre a cama da ex-mulher para vigiar a rotina”, afirmou.
E ele acredita que as imagens gravadas no prédio da Milena comprovam que Hilário se livrou dos equipamentos. “O ex-marido foi ao apartamento onde Milena morava com a mãe, após fazer a liberação do corpo da médica no DML, carregando um envelope. Lá permaneceu por cerca de 20 minutos e saiu com cabos entre as mãos. Acreditamos que ele tenha retirado os equipamentos de vigilância”, contou Janderson Lube.
Fonte: Gazeta Online